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terça-feira, 25 de junho de 2013

DOS COZINHEIROS E DE SEUS PREPAROS!


Estava eu sentado na varanda de minha casa num tempo que nem recordo lendo um texto que abordava a história de uma mulher que de faxineira passou a uma das maiores intelectuais de seu país, o mesmo texto trazia as humilhações e os desafios que teve que enfrentar inclusive por ser negra e carregar o empoeirado preconceito de que a ela não cabia tal possibilidade. E como grande intelectual passou a defender e discutir em suas pesquisas o poder libertador que se hospeda no conhecimento, na arte de saber sobre coisas, fatos e pessoas numa profundidade que não se baseia em “achismos” e que não se faz com gritos somente do que projeta os desejos de nossa mente. Pensei então que ser crítico e estudioso nos dias atuais é como cozinhar: é preciso preparo, é preciso ingredientes, é preciso de ambiente, é preciso de temperos, enfim, é preciso dar sabor, aliás, dizem que saber tem que ter sabor, eu creio nisto.  E nós, cozinheiros que preparamos e construímos o saber com sabor temos que  proteger-nos de quem pensa que pode “virar” cozinheiro, que fique claro, para ser cozinheiro há exigências: existe todo um ritual de preparação fundamentado no estudo, na cautela, no cuidado com o ritual da pajelança, da fusão. Eis o desafio: não permitir que falsos cozinheiros se apoderem de nossas cozinhas à eles cabe apenas o achismo, a gritaria, o barulho, a rodinha do feudo, e as garantias que nascem das barganhas que mesmo escarrapachadas fazemos de conta que não percebemos que não enxergamos. Enfim como cozinheiros que dão o sabor ao saber não podemos nos furtar o direito de exigir nosso espaço social conquistado pelos anos de cozinha: preparos de saberes com sabores, e aos demais que buscam apenas “virar” cozinheiros sem a devido percurso de estudo e dedicação peço que se flagrem voltando à roda da deselegância.