Prof. Esp. Rodrigo Dalosto Smolareck
A evolução inegável e espantosa da humanidade
trouxe consigo várias inquietações no tocante as expressas investidas que
assistimos descaradamente acerca do descuido com a condição humana. É, no
mínimo, angustiante sentir-nos dentro de uma jaula cujos leões e domadores
disputam o mesmo espaço, uns contando com o poder do chicote, outros por sua
vez, com a prática animalizada do ataque voraz, uma relação de poder
estabelecida e configurada no mais alto teor.
Falemos então das jaulas sociais, dos domadores,
dos leões: uma verdadeira trama para análise psicopedagógica. Proponho-me aqui
a pensar no cuidado na era do descuido com o outro. Jaulas sociais:
Quantas? Como se apresentam? Quem está de posse da chave? Quem deve sair?
Domadores: Quem são estes? Qual o tamanho do chicote?
Como exercem o controle? Que roupagem usam? Leões: Quem seriam? Será que
realmente atacam? Seriam feras? Como se sentem ameaçados pelo chicote? Quantos
olhares teríamos pairando nesta singela abordagem, quantas interpretações,
quantas reflexões, quanta configuração ou projeção de situações de nossa
própria vida: Quando nos sentimos enjaulados? Quando nos tornamos verdadeiros
leões? E ainda, quando assumimos a postura de domadores? Valiosas
indagações!
Meu temor reside assim na coisificação da pessoa,
na banalização do cuidado com tudo o que nos faz SER: sermos sensíveis a tantas
situações que nos chamam a compreensão de nossa identidade humana.
A configuração maldosa hospedada muitas vezes em
nossa construção nos torna merecedores de frases fortes que ouvimos por aí:
• Ajudar que é
bom nem pensar, mas criticar de braços cruzados sim!
• Vive dizendo
como deveria ser, mas não assume o que diz!
• Contesta
qualquer ideia que não seja a sua, mas não acrescenta em nada!
• Adora chamar
a atenção partindo de reflexões vazias!
• Vive olhando
para o movimento do vizinho quando está até dura das pernas!
• Nada que não venha
de si é correto!
• Quer se impor
pela poeira que faz!
• Muito
barulho, também é só o que sabe fazer!
• Segura o pé
do outro de medo que caminhe mais que si próprio!
E tantas outras... entendo...como entendo, mas o
importante é que quanto mais nos embalarmos ao som do bom senso menos vezes
cairemos na vala da hipocrisia.
Obs.: Este artigo meu foi publicado com muito
zelo e carinho pelo amigo Márcio Brasil.