Pensando sobre revelações sociais...
Certa vez estava a sombra de uma
laranjeira lendo escritos de Serra, um texto datado de dois mil e
quatro, e para minha surpresa, durante as confissões que fazia sobre
suas angústias frente às represálias moralizadoras postas pelo
“aparelhamento” social perguntou sem dó: Qual é o tamanho do espartilho
que comprime suas concepções pessoais acerca das coisas do mundo? Ao ler
a interrogação fiquei tão incomodado em minha intimidade intelectual
que tive vontade de gritar. Claro que me controlei! Todavia minha
inteligência “criminosa” não me deixou descansar: matutei, matutei e
como diz nosso querido amigo Rubem Alves quando a cabeça engravida de
ideias o sofrimento faz parir novas possibilidades de pensar as coisas,
de fato.
Minhas
leituras, minhas escutas, enfim, minhas percepções, inacabadas e
inconclusas fazem com que olhe eu para “meus espartilhos”, meus olhares
estreitos diante da grandeza dos fenômenos do mundo, mas também me fazem
pontuar a preocupação que tenho com a fragilidade que as pessoas
revelam diante de valores que concidero cerne para a cidadania:
seriedade, sinceridade, competência, dignidade entre tantos outros que
poderia recitar por semanas a fio.
A
sensação que tenho é um tanto “feia”, pois vejo muitos, verdadeiras
fileiras de gente “ espartilhadas” pelo fel da hipocrisia: uns ditando
verdades fechadas acerca de uma vertente uniformizada do ser humano,
coisa descabida, outros apostando na cegueira de quem de tanto olhar já
enxerga sem ver os movimentos instalados com nuances de sabotagem
quando o assunto é a promoção ou a potencialização do ser humano.
Resta-me
pedir, com o carinho e o respeito que compete oferecer a cada leitor,
para que olhe “seu espartilho” e reconduza, pela pedagogia do bom senso,
todas as atitudes que esmagam as possibilidades de revelação do
crescimento e da evolução humana.
Obs.: Este artigo meu foi publicado com muito zelo e carinho pelo amigo Márcio Brasil.